10/11/2025

ORÇAMENTO FAMILIAR OU PESSOAL EM PASSOS FÁCEIS


Imagem 1: pixabay.com


Já ouviu a frase "não economize o que sobra dos gastos; gaste o que sobra das economias"?

Essa frase quer dizer que devemos gerir bem nossos recursos desde o início para não entrar em crise, ao invés de geri-los bem apenas quando já nos encontrarmos em crise. E um das práticas para observar esse princípio é a elaboração do Orçamento.

O orçamento lhe permite pré-visualizar todos os seus ganhos e suas despesas de períodos futuros! Imagine ver seus gastos e ganhos de forma adiantada!

Neste post, mostramos-lhe como isso é possível! Continue e entenda!



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Para evitar que seu dinheiro não seja suficiente para comprar os bens e serviços de que necessita e ter que contrair dívidas, uma das principais peças é o Orçamento, o qual assume relevância assinalável na Gestão das Finanças Familiares ou Pessoais.

Leia também: Como Gerir as Finanças Correctamente?


O Que é um Orçamento?

Um orçamento é um instrumento previsional (de previsão) que fixa as despesas a serem realizadas e estima as receitas a serem ganhas por determinada família ou pessoa durante determinado período de tempo.


Neste post, mostramos-lhe um Passo-a-Passo para elaboração de um orçamento para gerir as finanças familiares ou pessoais. Prossiga e entenda!

Os países elaboram seus Orçamentos do Estado a fim de manterem uma situação económica e financeira positiva, com saldos superavitários, evitando a crise. Também as famílias devem adoptar essa prática a fim de manterem suas finanças positivas e alcançarem seus objectivos de vida.


Um orçamento permite pré-visualizar seus ganhos e suas despesas em sua frente e de maneira resumida.


Note! Uma previsão por via de um orçamento não é como a previsão meteorológica ou climatérica, a qual praticamente não requer acção humana para se concretizar. O orçamento é como um projecto que você precisa gerir agindo com disciplina orçamental para que se concretize. Veja a seguir os elementos de um orçamento.


Grupos de um Orçamento

O orçamento contempla os seguintes elementos: 

  • Receitas: seus ganhos estimados e previstos. Dinheiro que você espera receber em determinado período;
  • Despesas: seus gastos correntes e previstos;
  • Poupança: percentagem das receitas não destinada a realizar despesas;
  • Reserva para emergências: valor não destinado a despesas nem a poupança, mas a atender situações urgentes/extraordinárias imprevistas, tais como perda do emprego, doenças, reparações de avarias que surjam em electrodomésticos ou em veículos (saiba mais no post Reserva para Emergências).

Note que não se deve tirar das reservas para efectuar compras ordinárias necessárias não previstas. Isso é uma questão de disciplina orçamental. Explicamos como acautelar esses casos na secção "Dois (2) Passos para Elaborar um Orçamento Familiar ou Pessoal". Venha connosco!


As receitas (mais propriamente, as fontes de receitas) obedecem à seguinte classificação, de acordo com critérios específicos.


Pelo critério da volatilidade do seu valor de um mês para outro imediatamente posterior (considerando orçamentos mensais) classificam-se em:

(Fontes de) Receitas fixas: incluem recebimentos provenientes de fontes fixas, como salário (ordenando) e arrendamento de imóveis.

(Fontes de) Receitas variáveis: prestação de serviços ocasionais, vendas ocasionais de bens patrimoniais, doações recebidas, entre outros. Seu valor é bastante volátil e incerto (de um mês para outro, de um bimestre para outro...).


Assim também as despesas obedecem a uma classificação de acordo com os mesmos critérios:

Despesas fixas: são despesas essenciais/básicas, que em todos os meses constam no orçamento e, muitas vezes, com o mesmo valor ou com pouca variação no valor. Incluem, energia, plano de internet, renda de casa e seguros.

Despesas variáveis: são despesas que nem sempre constam no orçamento e seu valor pode facilmente alterar de mês a mês, trimestre a trimestre .  Incluem alimentação vestuário, combustíveis, viagens, transporte, entre outros géneros. São despesas maleáveis e sua ocorrência e valor podem estar associados ao uso de determinado bem ou contratação de determinado serviço no mês anterior ao do orçamento (ex.: (1) a necessidade de comprar vestuário novo no próximo mês depende do uso da roupa que tenho no mês corrente; (2) a manutenção do veículo no próximo mês depende do uso que faço no mês corrente) - perspetiva de substituição/manutenção. A ocorrência e o valor das despesas variáveis podem ainda estar associados ao uso de outros bens numa perspectiva de complementaridade (ex.: o gasto com combustível depende de quanto você usa o veículo).


Obs.: se mudar o período de referência, uma fonte de Receita que outrora era considerada variável pode assumir a característica de fixa olhando para seu valor global no período (entenda mais  aqui).

É importante lembrar que nem sempre o que se projecta é o que efectivamente se gasta, por vários motivos. Por exemplo, os preços no terreno (no mercado) podem estar acima ou abaixo do esperado. Assim, pelo critério que tomamos a liberdade de chamar de "critério de ocorrência efectiva", temos:

Receita projectada: o montante de recebimentos esperados que você inscreve no orçamento no momento de sua elaboração;

Receita actual: ao fechar o balanço no final do mês, o valor que você efectivamente recebe.


Para as Despesas, tem-se:

Despesa projectada: valor que se espera para despender na aquisição de bens e/ou serviços.

Despesa actual: é a despesa realizada. O que efectivamente se gastou quando se faz o balanço no final do mês.

Esses conceitos são importantes, pois, no decurso e no final de cada mês você deve comparar os valores projectados com os actuais ou realizados, achando a diferença e anotando o motivo para tal diferença em uma coluna destinada a esse efeito (veja abaixo na secção "No Final do Mês")

Qual deve ser a periodicidade do orçamento?

A prática tem sido elaborar um orçamento para cada mês. Esse período deve ser explicado pelo facto de as remunerações fixas serem mensais. No entanto, você pode além de orçamentos mensais, elaborar orçamentos bimensais, trimestrais, quadrimestrais, e assim por diante. Mas tenha o cuidado de não pensar que seu orçamento não pode ser alterado para se adaptar às mudanças no contexto socio-económico, religioso, político... como se você vivesse para servir seu orçamento ao invés de ele ter sido elaborado para lhe servir (entenda mais com o post Como Gerir as Finanças Correctamente?).

Feita a abordagem necessária para você aprender conceitos básicos, você só precisa de 2 (dois) passos para elaborar seu orçamento familiar ou pessoal. Veja:

Dois (2) Passos para Elaborar um Orçamento Familiar ou Pessoal

Os passos seguintes fazem uma abordagem directa e predominantemente financeira. Recomendamos a leitura do post "Como Gerir as Finanças Familiares ou Pessoais Correctamente?" para entender princípios básicos da Gestão de Finanças Pessoais.

Caneta e papel prontos? Preparado (a)? Venha conosco!

1.° Passo: Diagnóstico e Retrospectiva

Este passo é equiparável ao que em Contabilidade se costuma chamar de Inventariação e Balanço Inicial.

Faça um diagnóstico para identificar sua situação financeira actual. Você precisa, primeiro saber onde e como está, qual é seu ponto de partida para frente - Diagnóstico. Depois, você precisa saber de onde você vem, qual foi seu percurso e como chegou aqui - Retrospectiva.

Para tal, escreva e responda as seguintes perguntas:

  1. Você tem ou já alguma vez elaborou algum orçamento?
  2. Quanto você gasta para satisfazer suas necessidades mensais?
  3. Qual é seu rendimento mensal (somando o que recebe de fontes fixas e variáveis)?
  4. Quais são suas fontes de renda fixas e variáveis?
  5. Quão estável é seu emprego ou sua fonte de renda?
  6. Você tem dívidas? Se sim, aliste-as, anotando:

  • O valor de cada uma de suas dívidas;
  • O prazo para pagar cada uma de suas dívidas;
  • Quem são seus credores (as pessoas a quem você deve);
  • Possibilidade de negociar as dívidas: prazo, juros e forma de pagamento (ex.: pagar por prestações de 25 % a cada 2 meses).
7. Seu património móvel (electrodomésticos, automóveis, ....) e imóvel  (edifícios e outras construções, terrenos, ...) pode pagar suas dívidas?

 

2. Planeamento: após o diagnóstico e a retrospectiva é hora de colocar mãos à obra.
Elabore uma tabela digital ou física com as seguintes colunas:

I. N.° (Número de Ordem)
II. Grupo
III. Valor projectado
IV. Peso percentual (%)
V. Valor Actual/Realizado 
VI. Diferença
VII. Motivo

Veja como preencher cada coluna.

I. Grupo: crie os seguintes grupos orçamentais:

Receitas:

a) Escreva o subtítulo receitas fixas, e aliste as fontes de receita fixas. Abaixo, escreva subtotal de receitas fixas.

b) Abaixo, escreva o subtítulo receitas variáveis e especifique suas fontes de receitas variáveis. Escreva o subtítulo subtotal de receitas variáveis.


Poupança

a) Abaixo do subtotal de receitas, crie o subtítulo "Poupança". Recomendamos poupar 15% do total de suas receitas. Inscreva no orçamento as formas como pretende poupar (ex.: depósito a prazo por 180 dias; depósito a prazo por 1 ano; títulos públicos, etc.) e reparta o valor correspondente a 15% por essas opções (recomendamos adotar diferentes formas convenientes, para não colocar todos os ovos em um só cesto). Em Economia tem sido dito que, a longo prazo, a poupança torna-se em investimento. Note que, para efeitos dessa frase, os depósitos a prazo não são considerados investimentos, apesar de renderem juros, mas apenas investimentos reais, como a compra e construção de imóveis. Mas para efeitos das finanças familiares ou pessoais, podemos também incluir investimentos em educação (como um curso superior) e tratamento médico para curar uma doença. 


Reserva para emergências:

 

a) Abaixo do subtotal de poupança, crie o subtítulo "Reserva para emergências". Reserve 15 % do total de suas receitas para atender a eventuais situações urgentes e imprevistas. Inscreva as formas como quer reservar no orçamento. 

Despesas

a) Faça o mesmo que fez para  as receitas e escreva as categorias:
  • Alimentação; 
  • Saúde (Consultas médicas);
  • Empregados domésticos;
  • Animais de estimação;
  • Higiene e limpeza;
  • Educação;
  • Lazer;
  • Vestuário;
  • Transporte;
  • etc.
Importante ☡: note que não se deve tirar das reservas para emergências visando efectuar compras ordinárias necessárias não previstas (ex.: algum produto que seja necessário adquirir mas não se encontra inscrita em seu orçamento). Como solução, nossa recomendação é inscrever no orçamento uma despesa com o nome compras ordinárias necessárias não previstas e atribuir 10% do total de despesas para tais compras. Essa prática ajuda também a ter um orçamento flexível, adaptável à realidade.


III. Valor projectado

Você preenche esta coluna no momento da elaboração do orçamento. Para despesas, você recorre aos preços do mercado dos bens  com ajuda da secção Como Achar o Valor das Despesas e Receitas? As outras você preenche conforme indicado abaixo na secção "No Final do Mês".
 
IV. Valor Actual/Realizado

Desta coluna constam os valores efectivamente gastos em cada despesa inscrita mo orçamento e a mesma deverá ser preenchida no primeiro dia do mês seguinte. Veja a secção "No Final do Mês" abaixo.

V. Diferença

O valor projectado/previsto menos o valor  actual. A diferença (resultado da subtracção) pode ser:

Um valor positivo: significa que houve excedente. O valor actual é inferior ao projectado ou previsto; ganhou-se ou gastou-se menos do que se previu. Que fazer com o excedente? Antes de responder a essa questão é necessário aferir se você foi realista ao estimar as receitas e ao calcular os preços dos bens e serviços de cada categoria de despesa e consequente atribuição do valor adequado a essas categorias de despesas. Você deve usar o excedente para reforçar sua poupança.

Um valor negativo: significa que houve défice. Os gastos estiveram acima do valor previsto.

VI. Motivo: anote o motivo para a diferença (ex.: promoção no emprego, subida de preços).


Como Achar Valores de Despesas e Receitas Difíceis de Calcular?

Para lhe ajudar na estimação do valor de cada uma das distintas receitas e a decidir que valor atribuir a cada despesa (principalmente as variáveis) considere o histórico de recebimentos e gastos dos últimos 60 dias, com o auxílio de extractos bancários, facturas, entre outros. Caso você já tenha elaborado algum orçamento nesse período, ele pode servir de referência, dependendo do grau em que você cumpriu convenientemente com as boas práticas para elaboração e execução de um orçamento que você aprende neste post.

A Hora das Compras (Executando o Orçamento)
  • Elabore uma lista dos produtos e serviços que pretende adquirir;
  • Guarde as facturas;
  • Não vá com fome;
  • Repare na data de validade do produto;
  • Negocie preços (Descontos) e condições de pagamento (prazo, prestações, forma);
  • Considere prazos de garantia e assistência técnica gratuita;
  • Opte por lojas/vendedores que permitem devolução e troca;
  • Exija o seu troco.
  • Anote os itens que comprou e respectivos preços, separando por categorias (Alimentação, Saúde, Educação, Vestuário, etc.) e verifique se não excede o valor inscrito no orçamento para essa categoria. Esta prática servirá de matéria-prima (base) para a próxima fase.

No Final do Mês

Após o diagnóstico (que podemos chamar de balanço inicial), a planificação e a execução, é importante efectuar um balanço final. Com base nas anotações das compras feitas durante o mês (último passo do ponto anterior) você deverá agora somar os valores e achar os subtotais por categoria. Trata-se do complemento de balanços parciais e constantes feitos no decurso de cada mês. Você deve comparar os valores projectados com os actuais ou realizados, achando a diferença e anotando o motivo para tal diferença em uma coluna destinada a esse efeito. Exemplo: estando no final do mês de Novembro elaborando um orçamento para Dezembro, os valores desse orçamento são projectados (uma projecção). Enquanto decorrer o mês de Dezembro, você vai anotando as despesas que for realizando em uma planilha ou um caderno físico  (ou bloco de notas). No final de Dezembro você deverá achar a diferença entre o valores projectados e executados, o que pode ser feito automaticamente em uma planilha digital 
E já vá preparando o orçamento para o mês seguinte (sobre isso, veja o post "Como Gastar na Quadra Festiva?")


Para se lembrar destas dicas, você pode voltar e lê-las novamente! Guardar o link deste post compartilhando em suas redes sociais pode ser uma boa estratégia!

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